Naisson Nidgie da Silva Pinheiro foi o campeão dos 42 km (Foto: Paulo Rossi)
Você já terminou uma corrida difícil e pensou: “Era exatamente disso que eu precisava”? A ciência agora respalda essa sensação. Um extenso estudo australiano publicado no The BMJ — uma das revistas médicas mais respeitadas do mundo — mostrou que a prática de exercícios físicos, especialmente a corrida, pode ser tão eficaz quanto medicamentos antidepressivos no tratamento da depressão.
A pesquisa, conduzida por uma equipe australiana, revisou 218 ensaios clínicos randomizados, envolvendo mais de 14 mil pessoas com depressão. O objetivo foi entender não apenas se o exercício ajuda, mas qual tipo de exercício funciona melhor, com que intensidade e para quem ele é mais eficaz.
Entre as modalidades analisadas, caminhada e corrida lideraram como algumas das intervenções mais eficazes para reduzir sintomas depressivos, com um efeito médio-alto (g = -0,62), superando inclusive medicamentos da classe dos inibidores seletivos da recaptação de serotonina (ISRS), que apresentaram efeito médio mais modesto (g = -0,26).
Outras modalidades com bons resultados incluíram:
Quanto maior a intensidade do exercício, melhores os resultados observados.
Mas por que a corrida funciona tão bem?
Segundo os pesquisadores, a corrida atua em múltiplos aspectos fundamentais no combate à depressão:
Substituto ou complemento aos antidepressivos?
Os autores do estudo não sugerem abandonar os medicamentos ou a terapia, mas deixam claro que o exercício físico deve deixar de ser visto como um “bônus” e passar a integrar o tratamento principal.
Quando combinado com antidepressivos ou terapia cognitivo-comportamental, o exercício mostrou resultados ainda melhores, potencializando os efeitos das abordagens convencionais.
Que tipo de exercício escolher?
O estudo identificou quais modalidades funcionam melhor para diferentes públicos:
O importante é buscar exercícios com intensidade moderada a alta. Treinos estruturados, como os de corrida com variações de ritmo (tempo run, intervalados ou fracionados) ou musculação com cargas maiores, tendem a ter impacto mais significativo.
Além disso, atividades em grupo demonstraram melhor adesão. Correr com amigos, participar de grupos de corrida ou aulas coletivas ajuda a manter a consistência e fornece o componente social, também essencial para o bem-estar mental.
Para quem está em um episódio depressivo, até sair da cama pode ser desafiador. A pesquisa apontou que planos estruturados — como programas do tipo Couch to 5K (do sofá aos 5 km) — são mais eficazes do que abordagens livres, pois oferecem clareza e direção.
Dicas práticas para começar:
Fontes:
